sexta-feira, 9 de julho de 2010

Em nome do nome.

O psicólogo espanhol Juan Ignacio Pozo, ao explicar a relação entre a teoria e a realidade, retoma uma interessante metáfora do escritor argentino Jorge Luis Borges, na qual este último relaciona o mapa e o território. Segundo o conto de Borges, houve um império em que os cartógrafos se esmeraram para confeccionar mapas que se parececem o máximo possível com o território a ser por eles representado, até que chegaram a um mapa que coincidia ponto por ponto com o  próprio território. Embora seus autores estivessem satisfeitos, as gerações posteriores se aperceberam da inutilidade de tais artefatos. Um mapa que é idêntico à realidade que ele tenta representar, não atende aos seus objetivos.
Pozo utiliza-se dessa imagem para ilustrar qual o papel da teoria. Ao nos fornecer uma síntese esquemática da realidade - uma abstração - nos ajuda a tomar decisões diante desta mesma realidade, mas em momento algum coincidirá com ela. A ciência nos aponta direções, nos diz quais os caminhos possíveis, quais os mais econômicos, os mais seguros, mas não podemos descartar a nossa necessidade de caminhar para construir aquela experiência que o mapa não é capaz de fornecer. Os horários que engarrafam, qual o melhor roteiro em dia de chuva ou qual via está melhor iluminada por exemplo.
Essa junção entre teoria e prática, ou entre conhecimento científico e experiência pessoal é que deve ser o objetivo de toda formação. Não se pode desprezar nenhum desses elementos. Muito menos, supervalorizar qualquer um deles em detrimento do outro.
Os vídeos sobre alfabetização que foram postados aqui, têm justamente esta característica. A teoria da aquisição da língua escrita, baseada nas pesquisas da Emilia Ferreiro, fornece alguns elementos balizadores da atividade de alfabetização, mas que é complementada ricamente com atividades didáticas que promovem de maneira eficaz o avanço na leitura e na escrita das crianças.
As atividades com o nome, como mostram os vídeos abaixo, são bastante ricas já que além de atenderem ao propósito de alfabetizar, reafirmam a construção da própria identidade infantil.



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