sexta-feira, 28 de maio de 2010

Aquisição da escrita.

"Não é possível saber se algo não está funcionando bem, se não conhecemos o seu funcionamento normal". Quem passou pelas minhas disciplinas já me ouviu repetir essa frase algumas vezes.
A aquisição da linguagem escrita, tal como descrita por Emília Ferreiro, é um bom exemplo de como a teoria pode nos ajudar a compreender a realidade, para além das aparências. Diante da hipótese silábico-alfabética, em que as crianças alternam a escrita de sílabas completas com a grafia de uma letra para cada som que distingue na formação das palavras (sílabas), as professoras costumavam (e ainda costumam) dizer que seus alunos e alunas estavam "comendo" letras. Esse tipo de produção era visto como um retrocesso na aprendizagem infantil e, quase sempre, vinha acompanhada de reclamações e castigos por parte das professoras.
Por meio das suas pesquisas, dentro do quadro teórico piagetiano, Emilia Ferreiro demonstrou que, o que parecia um retorno a uma forma mais precária de escrita, era, na verdade, um avanço em direção à chamada hipótese alfabética, na qual o alfabetizando já compreende que uma sílaba pode ser formada por mais de uma letra.
Essa mudança de perspectiva, graças às formulações teóricas, faz com que as professoras (e professores) possam incentivar seus alunos e alunas a continuarem progredindo e, com isso, obterem resultados mais expressivos quanto ao domínio da escrita, por parte de seus educandos.
Os vídeos postados abaixo trazem a prof. Telma Weisz, autora do livro que aparece acima, dando uma importante contribuição para quem quiser compreender mais sobre essa etapa crucial da inserção no mundo letrado e escolarizado.